quarta-feira, 17 de julho de 2013

Do céu às trevas do doping



Voltámos ao ciclo dos casos de doping e eu não estou a ver que resposta se dá a isto. A resposta é, segundo a IAAF, a que está a ser dada, com a identificação dos vários casos dos prevaricadores que têm usado a batota para os grandes resultados desportivos. Confesso que da Jamaica não esperava o nome de Asafa Powell como sendo do lado do mal e muito menos o caso de Tyson Gay, do lado norte-americano. É de facto inacreditável como ficou a lista dos melhores atletas mundiais depois destes casos de doping que afinal...talvez até não tenham terminado por aqui. E isso colocou o nosso Francis Obikwelu novamente no top-10 dos melhores atletas de sempre nos 100 metros, ele que também chegou a ser abordado quando há ano e tal estoiraram casos de doping em Espanha, nomeadamente com o grupo de treino onde Obikwelu integrou, quando treinou em Madrid.


Muito recentemente vi a entrevista que o treinador português Fonseca e Costa deu à Bola TV, onde ele falava da carreira de Carla Sacramento, sua atleta até ao astro português se mudar para Madrid, precisamente com o mesmo treinador com quem Obikwelu treinou anos mais tarde. E Fonseca e Costa levantou o véu de forma muito suave sobre a eventualidade da nossa campeã afinal ter entrado pelo percurso do uso de doping na ida para Madrid, ainda que para fins de tratamento.  

E foi precisamente pela EPO que hoje vimos dois atletas portugueses serem suspensos (Rui Teixeira e Marco Morgado), além da armadilha do Passaporte Biológico para José Rocha (perdendo medalhas) e ainda o caso mais suave de António Vital e Silva, por desrespeito do código de antidopagem, ao qual os atletas devem o devido respeito (ver noticia).


Muitos se questionam se não estamos a entrar perante o descrédito pelo qual entrou o ciclismo, já que na velocidade temos visto tantas medalhas voarem para o chão por casos de doping (link). A IAAF parece estar a fazer todo o forcing para que os atletas batoteiros não ponham os pés em Moscovo, dentro de menos de um mês e as federações desportivas tentam agir como soldados da IAAF e da lei de antidopagem, na apresentação de penas.

Eu honestamente não sei o que pensar. Concordo a 100% com a denúncia de casos de doping, mas não deixo de ficar triste por chegar a Moscovo e ver uma final sem tantas figuras que nos habituaram a criar histórias de superação incríveis. E atenção, não estou a dizer com isto que estou com pena daqueles que foram condenados – porque não tenho pena alguma! Mas a verdade é que por muito que a IAAF se desdobre em entrevistas a justificar que esta luta dá crédito à modalidade (e a verdade é que acabamos por ser modalidade-exemplo na luta anti-doping), não me parece que alguém esteja a acreditar no público em geral que isto seja um fortalecimento da modalidade.

Estes têm sido, afinal, dias em que preferia ter hibernado para as notícias e continuar a pensar que iamos ter um dos melhores Mundiais de todos os tempos...

 

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