Voltámos ao ciclo dos casos de doping e eu não estou a ver
que resposta se dá a isto. A resposta é, segundo a IAAF, a que está a ser dada,
com a identificação dos vários casos dos prevaricadores que têm usado a batota
para os grandes resultados desportivos. Confesso que da Jamaica não esperava o
nome de Asafa Powell como sendo do lado do mal e muito menos o caso de Tyson
Gay, do lado norte-americano. É de facto inacreditável como ficou a lista dos
melhores atletas mundiais depois destes casos de doping que afinal...talvez até
não tenham terminado por aqui. E isso colocou o nosso Francis Obikwelu
novamente no top-10 dos melhores atletas de sempre nos 100 metros, ele que
também chegou a ser abordado quando há ano e tal estoiraram casos de doping em
Espanha, nomeadamente com o grupo de treino onde Obikwelu integrou, quando
treinou em Madrid.
Muito recentemente vi a entrevista que o treinador português
Fonseca e Costa deu à Bola TV, onde ele falava da carreira de Carla Sacramento,
sua atleta até ao astro português se mudar para Madrid, precisamente com o
mesmo treinador com quem Obikwelu treinou anos mais tarde. E Fonseca e Costa
levantou o véu de forma muito suave sobre a eventualidade da nossa campeã
afinal ter entrado pelo percurso do uso de doping na ida para Madrid, ainda que
para fins de tratamento.
E foi precisamente pela EPO que hoje vimos dois atletas portugueses
serem suspensos (Rui Teixeira e Marco Morgado), além da armadilha do Passaporte
Biológico para José Rocha (perdendo medalhas) e ainda o caso mais suave de
António Vital e Silva, por desrespeito do código de antidopagem, ao qual os
atletas devem o devido respeito (ver noticia).
Muitos se questionam se não estamos a entrar perante o
descrédito pelo qual entrou o ciclismo, já que na velocidade temos visto tantas
medalhas voarem para o chão por casos de doping (link). A IAAF parece estar a fazer
todo o forcing para que os atletas batoteiros não ponham os pés em Moscovo,
dentro de menos de um mês e as federações desportivas tentam agir como soldados
da IAAF e da lei de antidopagem, na apresentação de penas.
Eu honestamente não sei o que pensar. Concordo a 100% com a
denúncia de casos de doping, mas não deixo de ficar triste por chegar a Moscovo
e ver uma final sem tantas figuras que nos habituaram a criar histórias de
superação incríveis. E atenção, não estou a dizer com isto que estou com pena
daqueles que foram condenados – porque não tenho pena alguma! Mas a verdade é
que por muito que a IAAF se desdobre em entrevistas a justificar que esta luta
dá crédito à modalidade (e a verdade é que acabamos por ser modalidade-exemplo
na luta anti-doping), não me parece que alguém esteja a acreditar no público em
geral que isto seja um fortalecimento da modalidade.
Estes têm sido, afinal, dias em que preferia ter hibernado
para as notícias e continuar a pensar que iamos ter um dos melhores Mundiais de
todos os tempos...