sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A imprensa no fenómeno da corrida



Correr está na moda! Correr é um fenómeno e agora não sei o que dizer, se é cultura desportiva, se é outra coisa qualquer. Todos se apoderaram do ato de correr, ao ponto da Federação Portuguesa de Atletismo  reclamar como sua a marca “atletismo”. Vou deixar essa discussão para outra altura...


Quando criei o blog “Imprensa do Atletismo” não o fiz como aproveitamento do fenómeno, porque de facto estou na imprensa dedicada ao atletismo desde 2006, altura em que ainda era praticante regular, em provas que usavam o marketing de forma mais modesta, mais modestas também na participação de atletas. Raramente uma prova aparecia na imprensa, sem ser as de top, tendo no Atleta-Digital sido um frequente escriba de um fenómeno que era muito reduzido, que gerava poucas visualizações nas notícias, que não tinha retorno...


A crise estoirou, os ginásios esvaziaram-se, as ruas encheram-se de gente e as marcas apareceram a dar sustento a novos “paraquedistas” que trouxeram um novo mercado à corrida. Os troféus concelhios passaram de moda, os prémios monetários passaram a cheirar a mofo e de repente apareceu imprensa. Por amor? Por interesse? Ou pelas duas coisas ao mesmo tempo?


As perguntas são inspiração das palavras de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, que esta semana disse a seguinte frase no decorrer da conferência de imprensa de apresentação da Maratona de Lisboa: Estamos aqui por amor e por interesse. Infelizmente eu acho que no caso da imprensa generalizada estamos aqui a falar mesmo no “interesse”, ainda que compreendo o que faz esta imprensa olhar para o fenómeno...Estamos a falar dos jornais Expresso e i, da rádio TSF e de outros nichos de mercado que parecem movimentar-se em torno desta questão...E porquê? Tem muitas respostas possíveis (isoladas ou combinadas, depende dos pontos de vista):



Resposta 1: a corrida passou a ser de tal forma generalizada que contagiou os grandes decisores deste país.


Resposta 2: os jornais vêm tendo uma gigante quebra de vendas e necessitam de novos assuntos para a dinamização, usando a corrida como forma de dinamização de plataformas online.


Resposta 3: tem havido quebra no mundo da publicidade e a corrida é, já em si, um fenómeno que gera aposta de marcas e, consequentemente, de um tipo de publicidade diferente.



Contudo, é tudo um interesse, não por amor, mas por subsistência económica. Poderiam contar pelos dedos das mãos as publicações de jornais presentes na apresentação da Maratona de Lisboa, supostamente o evento do ano. Poderão, provavelmente, contar pelos dedos das mãos as publicações que estarão nas chegadas deste fim-de-semana no Porto (Meia-Maratona) ou em Oeiras (Corrida do Tejo). O interesse não é o da reportagem, é mesmo o do negócio com conteúdos que se mostrem simples de escrever, ou de calendários fáceis de montar. Não se trata de jornalismo puro e duro, é simplesmente...(lembram-se da palavra?).


E não, não condeno quem faça negócio com a corrida. Mas nota-se muita falta de amor, que depois da moda passar será...esquecimento até à próxima vaga de moda. Estejam, por isso, atentos ao que se vai passar a partir daqui a um ou dois meses, com mais ou 2 ou 3 players no mercado da informação sobre a corrida da moda, uns por amor, outros exclusivamente por interesse...

3 comentários:

  1. Boa reflexão. Gostei de ler.
    Acho ambos os motivos válidos: seja por amor ou interesse. Não acho que venha mal ao mundo, neste caso não vem mal à corrida, querer ganhar dinheiro com isso (desde que legal e legitimamente).

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    1. No imediato não é um mal (é um bem espectacular). A reflexão é já a pensar no day-after da moda da corrida, isto para quem além de um interesse olhe para o movimento da corrida com amor.

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    2. Nessa altura ficarão (apenas) alguns resistentes, onde eu me espero incluir! ;)

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