Correr está na moda! Correr é um fenómeno e agora não sei o
que dizer, se é cultura desportiva, se é outra coisa qualquer. Todos se
apoderaram do ato de correr, ao ponto da Federação Portuguesa de Atletismo reclamar como sua a marca “atletismo”. Vou
deixar essa discussão para outra altura...
A crise estoirou, os ginásios esvaziaram-se, as ruas
encheram-se de gente e as marcas apareceram a dar sustento a novos “paraquedistas”
que trouxeram um novo mercado à corrida. Os troféus concelhios passaram de
moda, os prémios monetários passaram a cheirar a mofo e de repente apareceu
imprensa. Por amor? Por interesse? Ou pelas duas coisas ao mesmo tempo?
As perguntas são inspiração das palavras de Carlos
Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, que esta semana disse a
seguinte frase no decorrer da conferência de imprensa de apresentação da Maratona
de Lisboa: Estamos aqui por amor e por interesse. Infelizmente eu acho que no caso da imprensa generalizada estamos aqui
a falar mesmo no “interesse”, ainda que compreendo o que faz esta imprensa
olhar para o fenómeno...Estamos a falar dos jornais Expresso e i, da rádio TSF
e de outros nichos de mercado que parecem movimentar-se em torno desta
questão...E porquê? Tem muitas respostas possíveis (isoladas ou combinadas,
depende dos pontos de vista):
Resposta 1: a
corrida passou a ser de tal forma generalizada que contagiou os grandes
decisores deste país.
Resposta 2: os
jornais vêm tendo uma gigante quebra de vendas e necessitam de novos assuntos
para a dinamização, usando a corrida como forma de dinamização de plataformas
online.
Resposta 3: tem
havido quebra no mundo da publicidade e a corrida é, já em si, um fenómeno que
gera aposta de marcas e, consequentemente, de um tipo de publicidade diferente.
Contudo, é tudo um
interesse, não por amor, mas por subsistência económica. Poderiam contar pelos
dedos das mãos as publicações de jornais presentes na apresentação da Maratona
de Lisboa, supostamente o evento do ano. Poderão, provavelmente, contar pelos
dedos das mãos as publicações que estarão nas chegadas deste fim-de-semana no
Porto (Meia-Maratona) ou em Oeiras (Corrida do Tejo). O interesse não é o da
reportagem, é mesmo o do negócio com conteúdos que se mostrem simples de
escrever, ou de calendários fáceis de montar. Não se trata de jornalismo puro e
duro, é simplesmente...(lembram-se da palavra?).
E não, não condeno
quem faça negócio com a corrida. Mas nota-se muita falta de amor, que depois da
moda passar será...esquecimento até à próxima vaga de moda. Estejam, por isso,
atentos ao que se vai passar a partir daqui a um ou dois meses, com mais ou 2
ou 3 players no mercado da informação sobre a corrida da moda, uns por amor,
outros exclusivamente por interesse...
Boa reflexão. Gostei de ler.
ResponderEliminarAcho ambos os motivos válidos: seja por amor ou interesse. Não acho que venha mal ao mundo, neste caso não vem mal à corrida, querer ganhar dinheiro com isso (desde que legal e legitimamente).
No imediato não é um mal (é um bem espectacular). A reflexão é já a pensar no day-after da moda da corrida, isto para quem além de um interesse olhe para o movimento da corrida com amor.
EliminarNessa altura ficarão (apenas) alguns resistentes, onde eu me espero incluir! ;)
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